
Há promessas que custam mais caro do que qualquer moeda, especialmente na política. Quando um político oferece algo que sabe não poder cumprir, não está apenas mentindo: está acendendo o pavio de uma bomba moral. Prometer é comprometer-se, é criar expectativas em quem acredita. E quando se promete sem intenção de cumprir, a traição é dupla, do gesto e da palavra.
O que poucos percebem é que, nos bastidores, a quebra de um compromisso raramente acontece por acaso. Às vezes, o preço do convite para um novo aliado é justamente o rompimento com o antigo. Um jogo de xadrez em que cada movimento tem um custo, e cada peça sacrificada pode ser alguém que ainda acredita estar segura no tabuleiro.
Enquanto uns celebram a manutenção de seus lugares, outros sem saber, já têm seus assentos oferecidos em silêncio. Convites são disparados por baixo da mesa, feitos com sorrisos ensaiados e promessas sussurradas, numa coreografia que mistura vaidade, ambição e cálculo. O teatro das aparências se mantém de pé, mas o enredo muda sem aviso.
A política, então, se transforma num jogo de cadeiras em que ninguém tem assento garantido. O que antes era um pacto entre poucos, agora se espalha, outros convidados entram em cena, e o segredo, antes restrito, passa a ter testemunhas demais.
E quando as cortinas finalmente caem, a verdade se impõe: três ou mais pessoas não podem ocupar a mesma cadeira, é impossível. O resumo disso tudo: alguém será deixado de pé, alguém será esquecido, e alguém, inevitavelmente, descobrirá que o preço do convite foi o próprio lugar.
